Nos quatorze textos aqui reunidos, as ligações envolvendo corpo e poder – gerando resistências específicas, processos de subjetivação e afetos próprios à nossa época histórica – são analisadas em artigos que tratam dos mais variados aspectos da vida contemporânea: a importância (e a cobrança) autoempreendedora dos exercícios físicos; a gordura corporal e o mercado de autoajuda; a heteronormatividade e suas associações com os discursos sobre a saúde e profissionalismo; a imagem corporal através das apropriações e ressignificações do consumo de moda; os jovens e suas conexões com a militância, a mídia, as atividades lúdicas e a própria medicalização da juventude; a diversidade funcional e sua intersecção com os debates sobre sexualidade e gênero; além da estetização do corpo e da vida através da tatuagem, da dança, do teatro e da vivência artística de travestis e transexuais.
Ao trazer pesquisas produzidas tanto na Argentina quanto no Brasil, este livro nos permite reconhecer muitos elementos culturais comuns aos dois países, ao mesmo tempo em que, se quisermos fazer comparações, revela algumas diferenças regionais, indicando modos distintos de organização social e econômica. Desta forma, é possível encontrar aqui um amplo panorama de investigações levadas a cabo em nosso Sul Global que não ficam devendo em nada aos trabalhos feitos nos tradicionais centros europeus e/ou estadunidenses de conhecimento – e poder.
A coletânea Corpos, poderes e processos de subjetivação: discursos e práticas na cultura contemporânea, ao refletir sobre corporalidade e subjetividade em suas intersecções com geração, raça/ etnia, classe, sexualidade e gênero, torna-se leitura obrigatória para quem pesquisa ou se interessa por este tema ainda tão atual.