Historiadora analisa a organização indígena na América Andina

Quando usamos a palavra ayllu, frequentemente, a associamos com algum povoado ou território demarcado, entretanto, no século XVI, o ayllu representava a forma de organização de uma população que vivia dispersa e cuja identidade se dava pelos laços de parentesco de cada membro do grupo. Em O ayllu andino nas crônicas quinhentistas, lançamento do selo Cultura Acadêmica, a autora Ana Raquel Portugal busca compreender a estrutura básica da organização indígena na América Andina desde o período pré- hispânico até o começo da colonização espanhola. Analisando crônicas quinhentistas, Portugal conclui que o mundo andino deve ser analisado em dois momentos distintos e importantes, antes e durante as instalações das reduções do vice-rei Toledo, que ocorreram entre as décadas de 1560 e 1570. Inicialmente, o pré-hispânico era composto por uma família extensa que formava um grupo local detentor ou não de um território utilizado comunitariamente para subsistência de seus integrantes. Com a chegada dos espanhóis, essa estrutura passou por importantes modificações convertendo-se em território com a finalidade de armazenar mão-de-obra. O ayllu andino nas crônicas quinhentistas estuda a representação do ayllu por meio de dados históricos e etnográficos encontrados nas crônicas indígenas e espanholas do século XVI. A análise dos discursos de tais cronistas mostra que essas mudanças ocorreram em função das práticas culturais quinhentistas, em que o imaginário europeu se entrelaçou com o andino gerando uma nova concepção para essa estrutura, que de sistema de parentesco foi convertida em comunidade a serviço dos espanhóis. Sobre a autora – Atualmente é chefe de Departamento do curso de História da Unesp, câmpus de Franca, professora da graduação e pós-graduação, bem como integrante do Conselho Diretor do Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa Histórica. Possui graduação em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1990), mestrado em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1995) e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2003). Tem experiência na área de História, com ênfase em História da América, atuando principalmente nos seguintes temas: povos indígenas, crônicas, jesuítas, religiosidade andina e colonial, bruxaria, inquisição e extirpação de idolatrias.

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