Estudo sociológico revela o impacto do MST na formação política de jovens

Em sua obra, A formação cultural dos jovens do MST, lançada pelo selo Cultura Acadêmica, o pesquisador Frederico Daia Firmiano pisa em um terreno polêmico ao analisar os impactos políticos e culturais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na educação de jovens ligados ao grupo. Fruto de intensa pesquisa de campo destinada à tese de mestrado do autor, o livro reflete – de maneira otimista e apaixonada; porém, esclarecida e sem ingenuidades – acerca de como o movimento alterou os valores, a noção de sociedade e a perspectiva de vida dos jovens militantes envolvidos. De acordo com Firmiano, o MST e a luta política pela posse de terra permitem que estes se tornem visíveis e que encontrem “perspectivas para a superação das amarras impostas ao seu desenvolvimento”. Com o intuito de estudar o tema com acuidade, o autor focou sua análise no assentamento Mário Lago, importante base do movimento que surgiu em decorrência da ocupação de uma antiga fazenda do município de Ribeirão Preto. A escolha da cidade também não é eventual: além de ser conhecida como a “capital brasileira do agronegócio” – sendo, portanto, importantíssima na questão da reforma agrária -, Ribeirão Preto foi palco de vários protestos referentes à ocupação de terras para a criação de assentamentos. A formação cultural dos jovens do MST não se limita a um estudo sociológico de um fenômeno cultural. Além de analisar a contribuição do movimento para a conversão dos jovens em massa contestadora, a obra dispõe de uma leitura crítica sobre a questão agrária no Brasil e da história do MST em Ribeirão Preto. Para encerrar e fundamentar sua pesquisa, Firmino dedicou um capítulo inteiro para apresentar as “vozes” de seu objeto de estudo: por meio de entrevistas intercaladas com reflexões do próprio autor, 24 militantes juvenis falam sobre suas experiências, sentimentos e sobre a formação política empírica que adquiriram ao integrar o MST. Sobre o autor – Frederico Daia Firmiano é graduado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Moura Lacerda (2004) e mestre em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009). Atualmente trabalha no Centro Brasileiro da Infância e Juventude, na Universidade do Estado de Minas Gerais e na Universidade de Franca. Tem experiência na área de Sociologia, atuando, principalmente, nos seguintes temas: juventude, MST e formação cultural.

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8 de novembro de 2017

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