Na primeira metade do século XX o teatro brasileiro passou por um processo de atualização que contou com a liderança de personalidades que marcaram a cultura nacional. Neste complexo cenário de renovação da cena houve a participação do diretor e ator polonês Zbigniew Marian Ziembinski (1908-1978), fugitivo da Segunda Guerra Mundial ele aportou no Brasil, em 1941. O movimento de atualização estética no teatro estava em curso desde a década de 1920 e os esforços de Ziembinski se somaram ao grupo de atores, atrizes, dramaturgos e críticos que desejavam introduzir nos palcos nacionais novas concepções de encenação.
O objetivo desta pesquisa foi analisar o contexto no qual ele se inseriu, marcado pelos subsídios destinados à produção cultural no Estado Novo, seguido depois pelo mecenato da burguesia imigrante paulista. Além disso, coube analisar como a sua formação especializada, fato raro no Brasil daquele tempo, levou-o a ser responsável pela formação de vários atores e atrizes que dominaram a cena brasileira.
A crítica também teve papel importante neste movimento de renovação dos palcos, com destaque para Décio de Almeida Prado, expoente da nova geração de críticos teatrais. O jovem Décio de Almeida Prado rompia com a crítica de teor literário ao introduzir nas páginas de O Estado de S. Paulo, na seção de teatro, textos pautados no conhecimento teórico, com análises detidas do texto, da cena, do papel do diretor e do espetáculo como um todo.
Ao debruçar-se sobre a história de Ziembinski, a pesquisa procurou entender como ocorreu a fabricação da sua imagem, tanto por meio dos depoimentos dos seus pares, como na crítica de Décio de Almeida Prado. O crítico, embora não fosse favorável às praticas e os rigores técnicos aplicados pelo diretor, legitimou-o em sua escrita. Por outro lado, os depoimentos dos seus companheiros de ofício apresentavam-no como um “mestre”. Assim, o estudo percorreu os caminhos da construção da sua trajetória, para compreender os fatores que contribuíram para ele fosse figura de destaque na modernização dos palcos brasileiros.