As descrições e prescrições dos diversos aspectos do cotidiano da boa gente foram recorrentes nos escritos sobre o Rio de Janeiro oitocentista. Nos primeiros periódicos voltados ao público feminino, criados a partir de 1827, nos jornais publicados desde 1808 e nos enredos dos primeiros romances cariocas, as festividades religiosas e mundanas – bailes e saraus –, as apresentações teatrais, as colunas sobre moda, os anúncios de comerciantes dedicados a vender suas mercadorias importadas, as menções ao bom trato das vestimentas, o valor da moda e da beleza e a importância do bem vestir foram tópicos presentes. Partindo deste variado corpus documental, que contempla desde o limiar do Oitocentos, quando os profissionais europeus começaram a se estabelecer nas ruas centrais do Rio de Janeiro, até meados de 1850, quando os discursos sobre a moda e os aspectos da civilização já se encontravam enraizados na sociedade carioca, a presente dissertação busca apresentar e interrogar como os cuidados com a aparência e a moda ganharam centralidade na vida das mulheres oitocentistas. O propósito fundamental, em outros termos, é dar-se a conhecer o cenário de uma capital brasileira que se abria para os discursos de civilidade e europeização dos espaços sociais e dos hábitos cotidianos por meio dos padrões vestimentários recomendados. A partir do que acreditamos ser o despertar da moda na sociedade fluminense, procuramos trazer à luz as particularidades e recorrências desses discursos e como eles ajudaram a compor um tipo de mulher ideal oitocentista.
Vestir para ser vista
A moda e a mulher no Rio de Janeiro oitocentista
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Autor | Mariana de Paula Cintra |
Coleções | PROPG |