Embora seu conteúdo seja do interesse de áreas vizinhas, como Antropologia, Filosofia, Sociologia e Biologia, o livro está situado no âmbito da Análise Comportamental da Cultura. Essa área representa um campo temático relevante no contexto de uma das mediações teórico-epistemológicas da Psicologia e é constituída por uma ciência, a Análise do Comportamento, e uma filosofia de ciência, o Behaviorismo Radical. O texto, mais precisamente, está centrado nas práticas culturais, que se referem às ações humanas executadas de maneira entrelaçada com ações de outros indivíduos, característica inerente aos comportamentos sociais. Tecnicamente, o conteúdo examinado é o anunciado no subtítulo do livro, ou seja: relações funcionais, comportamento e cultura. No entanto, para além dessa instância, o texto trata da lógica subjacente às relações ou interações entre as pessoas, e entre estas e as agências de controle (como governo, lei e religião), ocupando-se de examinar tais relações de maneira funcional. Pode-se dizer que o texto, paralelamente ao interesse por precisão técnica na ciência do comportamento, busca estimular o leitor para uma avaliação sobre quanto temos, tradicionalmente, construído pressupostos, princípios, sistemas explicativos, escolas de pensamento e teorias voltados à defesa de explicações do comportamento humano com base em estruturas, quer físicas, quer conceituais, que não passam de constructos hipotéticos que se supõe sejam diretamente causadores de ações, atividades, comportamentos. Conceber uma “estrutura cognitiva”, uma “mente pensante”, uma “estrutura de personalidade”, um ego, um eu, um id, um superego, um traço de caráter, uma estrutura fisiológica, enfim, um mecanismo subjacente responsável pela causalidade primeira do comportamento parece constituir um equívoco perene na história da Psicologia e, talvez mais, na história da ciência. Embora sem, naturalmente, negar um monismo fisicalista, ontológico, de substância, o livro rejeita o status prioritário de importância tradicionalmente atribuído às estruturas, em si mesmas, como entes explicativos do comportamento humano.
Detalhes de: Uma ciência sobre coisa alguma

Uma ciência sobre coisa alguma
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Ano | |
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Edição | |
ISBN | |
Autor | Kester Carrara |
Coleções | PROPG |

Uma ciência sobre coisa alguma
Relações funcionais, comportamento e cultura
Formatos | |
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Ano | |
Dimensões | |
Páginas | |
Edição | |
ISBN | |
Autor | Kester Carrara |
Coleções | PROPG |
Kester Carrara
É bolsista de produtividade do CNPq, editor geral para Língua Portuguesa do periódico Acta Comportamentalia, professor adjunto III do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências da Unesp, câmpus de Bauru, São Paulo. Possui mestrado pela PUC-SP (1981), doutorado pela Unesp (1996) e livre-docência por essa mesma universidade (2003). Foi também professor de cursos de graduação e dos programas de pós-graduação em Educação e Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências, câmpus de Marília, da Unesp. Publicou diversos artigos em periódicos arbitrados, capítulos de livros e livros, sendo referenciado com frequência seu Behaviorismo Radical: crítica e metacrítica, pela Editora Unesp. Tem orientado vários trabalhos de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado nas áreas de Educação e Psicologia. É pesquisador e docente-orientador, atualmente, no Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, nota Capes 4, na Unesp-Bauru, programa do qual foi o primeiro coordenador, entre 2005 e 2007. Participou, ao longo de sua carreira acadêmica, como docente universitário, desde 1974, e continua participando sistematicamente de projetos de pesquisa na área de Psicologia, especialmente sob o enfoque da Análise do Comportamento. Atualmente, sua atuação prioriza História, Teorias e Sistemas em Psicologia, Epistemologia do Behaviorismo Radical e Análise Comportamental da Cultura. Na dimensão de gestão acadêmica, foi membro de diversos conselhos e comissões e várias vezes chefe de departamento de ensino. Foi diretor geral da Faculdade de Filosofia e Ciências, câmpus da Unesp de Marília, entre 2000 e 2003. Em 17 de agosto de 2015 recebeu o Certificado de Acreditação Honorária e Vitalícia da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, por “contribuições ao desenvolvimento da Análise do Comportamento na pesquisa, ensino, aplicação e divulgação da área no Brasil” (Certificado no 021/2015).